Se o homem tivesse sido feito para voar Deus lhe teria dado asas”!

Por séculos este foi o conceito mais óbvio sobre o sonho de voar, até que o primeiro mecanismo humano criado para levar o homem ao céu apareceu. Desde então, avançamos muito, tendo o feito da engenhosidade humana nos levado até a Lua em 1969.

Na década de 1950 os primeiros aviões a jato apareceram e com eles uma contínua preocupação em manter a aviação segura. Muitos procedimentos foram criados para aumentar a segurança dos voos, como o “Check-list” de bordo seguido pela tripulação, especialmente devido ao número crescente de passageiros. Os desastres que aconteceram ensinaram duras e valiosas lições que tornaram hoje a aviação uma das mais seguras formas de se transportar pessoas.

Na Saúde parte dessas lições de outras áreas tem sido incorporadas, como o conceito do Check-list pré-anestesia e cirurgia e de procedimentos de Segurança do Paciente para reduzir infecção. Um exemplo concreto no Brasil foi o Manual “CIRURGIAS SEGURAS SALVAM VIDAS” divulgado pela ANVISA.  (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/seguranca_paciente_cirurgia_salva_manual.pdf)

Mas como indica o título do famoso e revolucionário livro “Errar é Humano – Construindo um Sistema de Saúde mais Seguro”, do Instituto de Medicina americano, reconhecer uma das mais duras e comuns facetas da condição humana que é o erro nos impulsiona a desenvolver meios para minimizar aqueles que podem ser evitáveis e com isso diminuir os danos causados aos pacientes.

Uma triste constatação que temos hoje é que especialistas estimam que aproximadamente 250.000 pessoas morrem por ano só nos EUA devido a erros médicos que ocorrem em hospitais. Isso é mais do que morrer de acidentes de veículos motorizados, câncer de mama ou AIDS – três causas que recebem muito mais atenção pública. Na verdade, mais pessoas morrem anualmente de erros de medicação do que de lesões no local de trabalho. Acrescente o custo financeiro à tragédia humana, e o erro médico facilmente se eleva para as fileiras mais altas de problemas públicos urgentes e generalizados.

Por isso, se podemos incorporar tecnologias, metodologias e quaisquer outros conhecimentos já desenvolvidos e testados em outras áreas, para melhorar o atendimento dos pacientes e que visem reduzir as complicações no tratamento, prevenir mortes e aumentar a segurança, este deve ser o caminho a ser seguido, especialmente na Saúde Digital.

Neste ponto que quero trazer a atenção um caso excepcional de colaboração entre dois setores a princípio totalmente diferentes – a Fórmula 1 e a Saúde!

À primeira vista, uma criança de quatro anos e meio com problemas cardíacos graves e um carro de corrida de Fórmula 1 têm pouco em comum. Mas as telemetrias que avaliam o desempenho de um carro na pista foram usados monitorar o jovem Damian Singh enquanto se recuperava de uma parada cardíaca na UTI do hospital de crianças de Birmingham (BCH). Isto ocorreu numa colaboração em 2012 entre um hospital e uma empresa de Fórmula 1 da Grã-Bretanha.

Carros na pista de corrida, como pacientes no hospital, precisam ser constantemente monitorados. Sensores nos veículos reencaminham dados para uma equipe de engenheiros que farão ajustes, tanto na pista quanto depois da corrida, para melhorar o desempenho da próxima vez.


Em contraste, a maioria dos hospitais depende de uma combinação de gráficos de papel – traçando os sinais vitais dos pacientes, da frequência cardíaca à pressão arterial – e as observações de quatro horas realizadas por enfermeiros e médicos.

A Dra. Heather Duncan, consultora em cuidados intensivos pediátricos no hospital britânico, queria que um sistema baseado em dados digitais estivesse ao lado dos métodos tradicionais de monitoramento. Um encontro casual com Peter van Manen, diretor-gerente da McLaren Electronics, mostrou-se proveitoso.

“Logo ficou claro, quando discutimos, que havia muitas coisas que fazemos rotineiramente na Fórmula 1 que não são diferentes como a dos pacientes em um hospital. Se você tomar a tecnologia do sistema de dados em tempo real usada na Fórmula 1 e colocá-lo em um hospital, deveria ser possível ampliar e melhorar os dados em papel sobre os pacientes”, acrescentou.

LINK – http://www.bbc.com/news/technology-18982474/embed

O sistema de Fórmula 1 é usado para lidar com grandes quantidades de dados – cada carro tem cerca de 130 parâmetros e 15.000 exames de “saúde” – para que o software possa rapidamente “aprender” o que é normal para pacientes individuais.

Numa apresentação feita posteriormente, Peter van Manen mostrou o trabalho que a McLaren desenvolveu com o hospital infantil Vale a pena assistir!

LINK – https://youtu.be/Ht2fzax9wV0

Uma melhor monitorização dos pacientes com dados estruturados e uso de Inteligência Artificial poderá reduzir muitos os erros no atendimento hospitalar, reduzindo as mortes evitáveis e aumentando a Segurança do Paciente! Não é isso o que gostaríamos de ter quando vamos a um hospital, uma Medicina no padrão Fórmula 1?

Este sensacional caso exemplifica muito bem o quanto devemos hoje investir nas experiências cruzadas entre diversos sectores, colaborando intensamente e inovando na forma de abordar os problemas da Saúde Digital.

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No próximo Post traremos um novo tema relacionado a aonde a Saúde Digital nos levará?

Abraços a todos!

Guilherme Rabello,  gerência comercial e Inteligência de Mercado do InovaInCor – InCor / Fundação Zerbini.