Sim, a crise ainda existe, mas temos de driblá-la. Não adiantam mais práticas tradicionais. A fase agora requer empenho e busca por soluções inovadoras e sustentáveis.  Esse cenário de desafio é o enfrentado diariamente pelas empresas que prezam pela saúde de seus funcionários e precisam ao mesmo tempo manter também saudáveis os custos operacionais.

É de conhecimento público que o benefício saúde é um dos mais desejados pelos empregados. De forma geral, nas empresas médias, esse benefício corresponde a 11% ou 12% da folha de pagamento. E se essa porcentagem já é impactante atualmente, no contexto em que vivemos, se tornará proibitiva em 2020, quando deve atingir a casa dos 20%.

A primeira saída que as empresas enxergam é a troca do plano de saúde, seja por um padrão inferior dentro da mesma prestadora, seja pelo serviço de outra operadora. Neste segundo caso, a escolha pode trazer muitos prejuízos, pois a operadora que assume a carteira da empresa, nem sempre tem uma visão verdadeira e detalhada do perfil daquela população. Como conseqüência, os valores orçados quase sempre se mostram muito diferentes dos reais e isso se volta contra a própria empresa, que não consegue gerenciar seus índices de sinistralidade.

As grandes operadoras de planos de saúde estão perdendo clientes a olhos vistos e isso mostra o poder da crise. Além disso, os custos com o atendimento à saúde estão explodindo, e existe cerca de uma dúzia de fatores geradores de custos, inflação médica, alta dos custos hospitalares, falta de adequada gestão da empresa usuária, novas regulamentações da ANS que transferem responsabilidades da rede pública para os planos privados, entre outros. Para fechar essa equação, muitas vezes é necessário repassar esse custo, porém as próprias operadoras também estão abertas e em busca de uma negociação sustentável. Ninguém quer ou pode perder clientes!

Por isso, buscar a readequação do plano dentro da própria operadora tem se mostrado a opção mais eficaz e com os melhores resultados.  A ajuda de uma consultoria com capacidade de realizar um estudo detalhado da população da empresa, levantar as necessidades daqueles empregados, como e onde estão os gargalos do absenteísmo, usar ferramentas de gestão de saúde e desenvolver ações de promoção da saúde com apoio de profissionais médicos são fatores decisivos do sucesso.

Educar a população da empresa para que use o plano de saúde de forma consciente e inteligente também tem papel fundamental. Costumamos dizer que a melhor forma de educar é por meio de uma comunicação direta e eficaz, que trate o indivíduo de forma particular. Temos de resgatar o papel do médico da família e levar a inteligência médica para o alcance das mãos dos usuários dos planos de saúde.

A tecnologia está aí para otimizar os recursos, facilitar o compartilhamento de informações dos pacientes, manter um histórico da saúde, dos exames realizados, resultados, etc. Os smartphones são um excelente aliado, tanto para a comunicação como para o monitoramento de pacientes, por que não utilizá-lo, por exemplo, para lembrar o paciente de que ele precisa tomar sua medicação, para passar uma orientação sobre a sua dieta alimentar ou mesmo questioná-lo sobre a interrupção de um tratamento? Ou mesmo aliá-lo a uma central médica, orientada a preservar e melhorar a qualidade de vida dos funcionários.

Conhecendo realmente as demandas da companhia e de sua população, é possível, sim, controlar os custos e manter a saúde da empresa e de seus funcionários. Para esse mal, já existe tratamento!

Francisco Vignoli, médico e sócio diretor da B2Saúde Consultoria.