Na última quarta-feira, 5, médicos e empreendedores que fazem parte do ecossistema de inovação na área da saúde doo CUBO Itaú, em São Paulo, assistiram uma palestra do pesquisador americano Mark Michalski, diretor executivo da CCDS – Center for Clinical Data Science, da Harvard Medical School, sobre o uso da inteligência artificial no diagnóstico por imagem. Essa inciativa marcou a inauguração oficial do DasAInova, o laboratório de inteligência artificial do grupo Dasa, que é parceiro do CCDS, onde mantém profissionais brasileiros participando das pesquisas,

O Dasa AI Lab é um laboratório de pesquisa que busca desenvolver, compartilhar e incorporar tecnologias de inteligência artificial e suas aplicações para a medicina diagnóstica. Criado por uma equipe de especialistas multidisciplinares, o laboratório é formado por médicos, biólogos, matemáticos, engenheiros, estatísticos, cientistas de dados, entre outros profissionais.

O laboratório terá dois pontos de apoio em São Paulo: um área exclusiva no escritório da Dasa, com um o supercomputador para desenvolvimento de inteligência artificial (o mesmo usado em Harvard e que tem capacidade de processamento de 72 CPUs); e o andar de healthtech no CUBO que, entre outras iniciativas da empresa, sediará encontros e treinamentos com foco em ampliar a eficiência de processos médicos.

No total, foram investidos R$ 15 milhões no AI Lab que conta com o repertório de mais de 700 laboratórios da Dasa espalhados pelo país, com mais de 250 milhões de exames por ano nas áreas de patologia clínica, radiologia, patologia molecular e genômica, neste último segmento atuando com o GeneOne, que permite fazer testes genéticos em qualquer lugar do pais..

Por ser um dos principais laboratórios do Brasil e do mundo na indústria da saúde e de soluções de diagnóstico, a inovação é um tema central para o futuro da empresa. “Nossa capilaridade e robusto banco de dados possibilitam criar algoritmos complexos, com padrão internacional. É uma nova fronteira no entendimento de um amplo número de fotografias clínicas para o diagnóstico de doenças, com resultados muito precisos”, explica Emerson Gasparetto, vice-presidente da área médica do grupo.

Ele ressalta que a Dasa quer se protagonista nesse mercado que movimenta cifras relevantes, mas emprenhado numa visão de longo prazo, apoiada pelo controlador da empresa da companhia. “Estamos contratando médicos e especialista para acelerar esse processo, pois não vai falta recursos na busca dessa liderança. Nesse mercado, diz-se que que ele precisa de 4 Ds: dados, doutores, distribuição e dólar. Temos os dados dos exames, os profissionais, a distribuição no Brasil em até 180 países onde o CCDS atua através de uma parceria com GE; e o investimento do controlador da Dasa”, ressalta.

Investimentos em big data e inteligência artificial

O Dasa AI Lab, além da parceria com o CCDS de Harvard, está à frente da criação de outros algoritmos, a partir da análise de exames de imagem. Para executar esses novos modelos matemáticos, a equipe multidisciplinar está aprimorando os resultados dos protocolos aprendidos por meio da colaboração com Harvard, aumentando a qualidade dos cuidados de saúde entregues aos 20 milhões de pacientes que visitam as instalações dos laboratórios da Dasa anualmente.

O CCDS, centro multidisciplinar vinculado a Harvard Medical School, usa um dos principais sistemas de saúde da América do Norte e pioneira ferramenta em Inteligência Artificial médica, o Partners Healthcare System (PHS) para desenvolver algoritmos que serão capazes de analisar ressonâncias magnéticas de cérebro e de próstata. A ideia das análises é ensinar o computador a identificar, em tempo real, a existência e o nível de gravidade de doenças e priorizar os laudos desses exames.

Nas análises das 10 mil ressonâncias magnéticas de cérebro, a empresa aposta no conceito de Machine Learning para desenvolver algoritmos que devem determinar, em tempo real, o tipo, o potencial risco e gravidade de determinada doença cerebral. O grande ganho aqui é garantir que exames que requerem análise por especialista, o neurorradiologista, sejam priorizados por esses profissionais que têm expertise para emitir laudos ainda mais assertivos e rápidos, otimizando o tempo do médico e do paciente.

Concomitante, os pesquisadores estão trabalhando na análise de 300 ressonâncias magnéticas de próstata para desenvolver algoritmos que calculam precisamente as medidas da próstata (hoje o radiologista calcula desenhando a próstata). A estratégia visa aumentar a especificidade do rastreamento, um fator relevante já que o câncer de próstata é o tumor mais prevalente em homens brasileiros, com 68 mil novos casos esperados para 2018, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

CCDS

Mark H. Michalski, MD, diretor executivo do Centro de Ciência de Dados Clínicos de Harvard Medical School, disse que se concentra na aplicação e tradução de novas técnicas de treinamento de redes neurais e aprendizado de máquina na prática clínica do diagnóstico, que processa 2 petaflops em máquinas de alto desempenho Nvidia.

Mostrou aos convidados do evento, as diferentes pesquisas em co-desenvolvimento  com a Dasa, como do algoritmo tipo MRI que estrai dados dos exames de radiologia de cérebro e próstata. A parceria envolve ainda o treinamento de profissionais no exterior e validação de dados de AI em diferentes áreas geográficas. O CCDS tem hoje 40 projetos em diferentes estágios de desenvolvimento.