A medicina realizada à distância, denominada Telemedicina, vem crescendo nos últimos anos. Segundo a Mordor Intelligence, seu mercado global foi avaliado em U$ 38 milhões em 2018 e a previsão é que chegue a U$ 103 milhões em 2024. A expansão do acesso à internet, solidificação da rede 4G e popularização de smartphones e computadores, mudaram hábitos e costumes. E esta nova realidade mostra-se benéfica a todos os envolvidos quando realizada de forma correta.

As primeiras teleconsultas ocorreram por volta de 1995 nos Estados Unidos, mas seu início aconteceu muito antes, em 1967 quando o aeroporto de Boston foi ligado ao Hospital de Massachussets, de modo que este pudesse atender emergências que ocorressem no aeroporto.

Os benefícios que a telemedicina traz aos pacientes e instituições de saúde são inúmeros e aqui descrevo alguns dos cenários mais importantes:

O primeiro benefício observado, com impacto positivo para os profissionais de saúde e pacientes, é o acesso à opinião médica especializada independentemente da localidade geográfica na qual se encontram. Ainda neste assunto, a recorrência da falta de acesso à atendimento médico especializado, afeta principalmente áreas onde a população vive afastada das capitais e de grandes centros urbanos. Este cenário configura o constante desafio de encontrar médicos que estejam dispostos a viver em zonas remotas, que, em muitos casos, o acesso é precário devido as más condições de conservação de estradas, ou com acesso somente por meio de barcos.

Pacientes que antes passavam anos à espera de uma consulta com um médico especialista, agora podem se beneficiar da tecnologia e ter atendimento de qualidade e precisão, que pode estar a centenas de quilômetros de distância.

O segundo benefício mais latente, pode ser observado em plataformas de petróleo. É possível ter apenas um médico generalista embarcado e este, por meio da telemedicina, obter acesso a uma gama de especialistas, evitando traslados desnecessários de pacientes, reduzindo sensivelmente os custos relacionados as atividades médicas neste segmento da economia.

E o terceiro benefício se aplica no contexto das ambulâncias. A telemedicina permite a instalação de dispositivos que auxiliam médicos e socorristas a tomarem decisões em conjunto, sobre a conduta a se adotar em um paciente. O envio de dados de sinais vitais e outras medições para o hospital, durante o percurso de traslado, permite avaliação prévia e aumenta a probabilidade de sobrevida em muitos casos graves.

O resultado de todas estas informações trafegadas resulta em uma extensa base de conhecimento e aprendizagem, que, omitindo informações sigilosas de pacientes, é possível utilizar para análise dos casos clínicos, suas evoluções e encerramentos para troca de experiências e discussão de práticas adotadas.

Estes benefícios impactam claramente na operação de organizações voltadas à área da saúde, como hospitais, clínicas, seguradoras e operadoras de saúde. Os principais efeitos destes impactos são refletidos na redução de custos, onde são evitadas locomoções desnecessárias de pacientes, um melhor aproveitamento do corpo clínico, maior abrangência geográfica e a redução do tempo para efetuar diagnósticos.

Porém, para que a telemedicina seja feita com rigor e seriedade, é necessário obedecer à alguns critérios de segurança e confidencialidade de dados. O sigilo entre médico e paciente deve ser respeitado sempre e na telemedicina isto não é diferente. A utilização de sistemas adequados e seguros é de primordial importância numa geração onde o vazamento de dados é noticiado com frequência. Utilizar plataformas desenvolvidas especificamente para este fim, que sejam homologadas e estejam de acordo com as regulamentações vigentes é a garantia que os dados de pacientes estarão protegidos e que todos se beneficiarão da melhor maneira possível.

Por fim, a telemedicina vem para conectar a medicina tradicional à era digital, democratizando o acesso ao atendimento de qualidade e garantindo a manutenção e excelência de serviços hoje existentes.

Cibele Oliveira Niero, analista de TI e especialista em eHealth, e Fabricio Valeta, diretor de Operações, ambos da Open Labs S.A.