A proporção de estabelecimentos de saúde do Brasil que possuem sistema eletrônico para armazenar informações dos pacientes chegou a 81% no ano passado, um crescimento de 15 pontos percentuais em relação a 2014 (66%).
Os dados são da quinta edição da pesquisa TIC Saúde, lançada nesta terça-feira, 2, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Nos estabelecimentos públicos que utilizaram a Internet, a evolução da presença de sistemas eletrônicos para registro das informações dos pacientes passou de 55%, em 2014, para 68%, em 2017. Nos hospitais privados ligados à Anahp o índice é de 84%.
Dados cadastrais do paciente estão disponíveis na maior parte dos estabelecimentos que usaram a Internet (81%), seguido pelas informações de admissão, transferência e alta do paciente (44%); laudos (32%) e imagens de exames radiológicos (23%). A TIC Saúde 2017 também mostra que as funcionalidades administrativas, como agendar consultas, exames ou cirurgias (57%), pedir exames laboratoriais (45%) e pedir exames de imagens (44%) estão presentes na maior parte dos estabelecimentos.
Os serviços ao paciente via internet apresentam uma tendência de crescimento: a visualização de resultados de exames passou de 24% dos estabelecimentos que usaram a Internet, em 2015, para 31%, em 2017. Já o agendamento de exames passou de 20% para 24%, no mesmo período.
Os dados da pesquisa indicam que há diversas iniciativas de telessaúde e telemedicina no país, especialmente entre os estabelecimentos públicos – 39% deles desenvolveram atividades de educação a distância e 29% atividades de pesquisa a distância. Nos estabelecimentos privados essas proporções foram 9% e 11%, respectivamente.
“A telessaúde é uma ferramenta fundamental para melhorar o acesso à saúde em regiões remotas e com escassez de serviços e profissionais de saúde. Além disso, a telessaúde possibilita a promoção de treinamentos e educação continuada para os profissionais que não estão localizados em centros urbanos ou próximos deles. É um tipo de prática fundamental para reduzir gastos e otimizar os atendimentos”, considera Barbosa. Do total de estabelecimentos pesquisados, 23% declararam fazer parte de alguma rede de telessaúde, proporção que chega a 48% dos estabelecimentos da esfera pública e apenas 6% do setor privado.
Os dados da pesquisa TIC Saúde 2017 também revelam que o uso de computadores (90%) e acesso à Internet (77%) nos estabelecimentos públicos se manteve estável. No entanto, a disponibilidade de infraestrutura básica se mostrou crítica entre as Unidades Básicas de Saúde (UBS): 12% das UBS não possuíam computador e 28% não contavam com acesso à Internet. Isso significa que em um universo de aproximadamente 39 mil UBS cerca de cinco mil não usavam computadores e mais de 10,5 mil não tinham acesso à Internet.
Há também uma diferença regional relevante sobre o uso de computador e acesso à Internet. No Norte, 94% dos estabelecimentos de saúde usam computadores, e 76% possuem acesso à Internet. No Nordeste, a proporção fica em 86% e 75%, respectivamente.
Dentro do universo dos estabelecimentos que possuem área de tecnologia da informação (TI) – cerca de 22.600 no país –, a TIC Saúde 2017 indica que quase 2.400 contam com pelo menos um profissional de saúde na equipe. Os resultados indicam um déficit de mais de 20 mil profissionais com essa qualificação nos departamentos de TI. A presença de profissionais de saúde com formação em informática médica é um indicador do nível de maturidade do estabelecimento na adoção das tecnologias digitais na saúde.
Apesar da relevância da qualificação dos profissionais para atuarem com TIC na área da saúde, a pesquisa indicou que apenas 17% dos médicos e 26% dos enfermeiros participaram de algum curso, treinamento ou capacitação na área de TIC em saúde nos 12 meses anteriores à pesquisa. Há, no entanto, uma percepção positiva em relação ao uso de sistemas eletrônicos: 93% dos médicos e 91% dos enfermeiros responderam que houve melhoria na eficiência dos processos de trabalho das equipes; 85% dos médicos e 88% dos enfermeiros acreditam que houve melhora no tratamento como um todo.