Gastos crescentes em saúde continuam preocupando as organizações em todo o mundo. A Aon – consultoria e corretora de seguros – realizou uma pesquisa em 90 países, abrangendo mais de 4000 empresas com o objetivo de mostrar o panorama do setor em escala global. O resultado revela que o desembolso com planos médicos cresce a uma taxa bem mais elevada que a inflação geral. Para se ter uma ideia, o índice de inflação médica no Brasil este ano é de 16,7%, enquanto que a geral ficou em 7,3%, uma diferença de 8,4%, a maior já registrada.

Mesmo com esse índice, o levantamento aponta que apenas 14% das empresas brasileiras pesquisadas proporcionam aos seus funcionários algum tipo de programa de promoção de saúde. Este percentual é ainda menor quando consideramos programas que estão conectados a uma estratégia da organização e de forma contínua. Muitas ações são realizadas de forma isolada e pontual e não garantem a longevidade do benefício.

Segundo Humberto Torloni Filho, vice-presidente de benefícios globais da Aon para a América Latina, esse índice é muito tímido quando comparado aos Estados Unidos, que é de mais de 40%. “Ainda há muito a se fazer quando se trata de inserir este hábito dentro das corporações brasileiras. É preciso reforçar que esses programas trazem resultados em médio e longo prazo e começam a ser aferidos após 18 meses”, ressalta.

Para ele, as empresas precisam engajar todos os setores e não apenas o de recursos humanos, pois só assim é possível atingir êxito. “É fundamental, também, envolver e conscientizar os colaboradores sobre o uso do plano de saúde. Além de estimular as seguradoras a trabalharem mais próximas. Atualmente, diversas operadoras já começam a tomar atitudes mais proativas, mas ainda há muito o que se desenvolver no mercado”, comenta.

O executivo esclarece que os programas de promoção em saúde, usualmente, abrangem campanhas de vacinação, check up, estímulo a atividades físicas e até orientação alimentar. “São as melhores formas para promover a diminuição dos custos de saúde de forma sustentável. Todos os ‘atores’ do sistema de saúde, desde o empregador, colaboradores, operadoras, profissionais da saúde e até ANS – Agência Nacional de Saúde – devem estar envolvidos e engajados em busca da sustentabilidade do setor”, avalia.

Elei aponta o papel importante do colaborador por meio do autocuidado, ou seja, a promoção de sua saúde, especialmente neste momento de crise que traz ameaças para o bem-estar das pessoas. “O caminho é promover o engajamento dos colaboradores na mudança de comportamento. Outros aspectos importantes, neste caminho, são o engajamento da liderança, coleta de dados consistente, parceiros internos e externos e uma comunicação efetiva”, afirma.