Um aplicativo capaz de auxiliar na recuperação de pessoas com problemas com drogas pode ser desenvolvido no Brasil. É isso que a campanha BeOK, um app para tratar dependentes químicos, disponível pela Kickante, pretende alcançar. A ideia do projeto está no desenvolvimento de um estudo que pretende provar como um único aplicativo pode auxiliar no tratamento de dependentes químicos.

Desenvolvida pelas psicólogas Flávia Serebrenic Jungerman e Natália Gomes Ragghianti, a campanha pretende arrecadar R$ 250 mil para investir na produção do aplicativo e no desenvolvimento da pesquisa e, que nesse primeiro momento, será utilizado pelos voluntários do projeto. A ideia do projeto é oferecer jogos, informações e outras ferramentas interativas que auxilie  os usuários a lidar com situações que envolvam as drogas, para que o dependente em tratamento consiga passar pelas fases mais difíceis do processo de desintoxicação e possa ir se inserindo em seu meio familiar e social.

“Iremos comparar o uso do app com a terapia presencial em grupo. Nossas hipóteses são que a intervenção via aplicativo, em relação ao tratamento presencial em grupo, será mais efetiva em reduzir ou interromper o uso de drogas ou os problemas associados a ele, além de gerar maior aderência e permanência no tratamento”, explica Flávia.

Por se tratar de um projeto de pesquisa, o aplicativo ficará disponível apenas para o desenvolvimento do estudo. Caso a efetividade do aplicativo se comprove, o próximo passo é lançá-lo no mercado, e incentivar a sua utilização pelos brasileiros que têm algum tipo de problema associado ao uso de álcool e outras drogas.

Ainda segundo Flávia, assim como o uso e prejuízos associados às drogas são reconhecidas no Brasil e no mundo, a dificuldade no tratamento oferecido também é. “Existem três principais entraves no que diz respeito ao tratamento: Escassez de serviços, dificuldade para a chegada ao serviço e adesão e permanência no tratamento. Nosso objetivo com o estudo e com o app é minimizar o impacto negativo gerado pela falta e dificuldade de acesso ao tratamento”, afirma.

A importância do estudo e das eventuais descobertas é significativa, já que os números de usuários de drogas no Brasil são alarmantes. Segundo o II LENAD (II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas), 37% (1,3 milhões de pessoas) dos que consumiram no último ano são dependentes de maconha, enquanto 48% (1 milhão de pessoas) dos que consumiram no último ano são dependentes de cocaína.  Caso a campanha alcance a meta, os valores arrecadados serão utilizados para a contratação de empresa especializada no desenvolvimento do aplicativo, contratação da equipe que coletará dados e testes, assim como psicoterapeutas para conduzir os grupos, plano de internet para que os voluntários utilizem o app e itens para subsidiar o estudo.

“A essência da Kickante está na oportunidade que oferecemos para que projetos como o BeOK sejam financiados e se tornem realidade. Com as mais de 25 mil campanhas lançadas e R$ 28 milhões arrecadados, acreditamos que o financiamento das multidões irá transformar o projeto em realidade”, finaliza a presidente e fundadora da Kickante, Candice Pascoal.