Com o avanço dos dispositivos vestíveis (wearable devices), a coleta e uso dos dados pessoais de saúde, como frequência cardíaca, padrões de sono, calorias e níveis de estresse levantam novas questões de risco de privacidade e segurança. O alerta foi dado por pesquisadores da American University, de Washington, e do Center for Digital Democracy em um relatório publicado no final de dezembro. Apesar de se direcionar ao ecossistema regulatório e de aparelhos dos Estados Unidos, o documento levanta importantes questões sobre o assunto. Ele pode ser baixado (em PDF) clicando aqui.

De acordo com o relatório, já há muitos dados sendo gerados a partir desses dispositivos de saúde, atividade que seria “focada em compilar e monetizar dados pessoais e de saúde com objetivo de influenciar no comportamento de consumidor”. Tais práticas de marketing incluem mirar em condições de saúde, em modelos “semelhantes” visualmente, análise preditiva (de comportamento) e outros usos baseados em contexto. No caso específico de wearables, a indústria farmacêutica seria a maior beneficiária, utilizando biossensores para “permitir que usuários ‘sintam’ sensações reais no corpo”.

Com a popularização desse ecossistema, essa coleta de dados tende a ganhar ainda mais volume, alerta. O relatório sugere maneiras como governo, indústria, instituições acadêmicas, filantropos e organizações sem fins lucrativos poderiam desenvolver de forma conjunta uma abordagem compreensiva para tratar de privacidade de dados de saúde e proteção à privacidade. Para tanto, afirma que é necessário criar padrões claros de coleta e de uso da informação; processos formais para mostrar benefícios e riscos da utilização dos dados; e uma regulação mais forte de marketing direto dirigida especificamente a companhias farmacêuticas.

“Americanos agora encaram uma crescente perda de suas informações mais sensíveis com a coleta e análise de dados de saúde de forma contínua e combinada com informações sobre suas finanças, etnia, localização e comportamentos online e off-line”, declara o diretor executivo da Center for Digital Democracy e co-autor do relatório, Jeff Chester. (Bruno Amaral, da Teletime).