No começo século 19 o telégrafo foi inventado por Samuel Morse, o criador também do código Morse. Seu invento abriu uma nova era de interação entre as pessoas, quando estas poderiam vencer barreiras de longas distâncias conseguindo se comunicar. Por volta de 1860 o italiano Antonio Meucci inventou um novo aparelho que chamou “telégrafo falante” – era o nascimento do telefone! Novamente as pessoas teriam maior liberdade para comunicar-se com maior clareza e rapidez.

Mas nos seus primórdios havia um problema prático com essas invenções. As pessoas tinham de se deslocar até onde essa nova forma de comunicação estava fisicamente presente. Quem não se lembra nos filmes de faroeste as pessoas indo até a estação de trem aonde havia um operador de telégrafo que transcrevia as mensagens em código Morse, ou mesmo de cabines de telefones (que ainda existem!) e das cenas das telefonistas nas centrais operadoras com aqueles inúmeros cabos para poder conectar as pessoas?

O telégrafo e o telefone, bem como tantas outras inovações que conhecemos, muitas vezes mostram que a ênfase inicial está no sistema criado, na estrutura tecnológica, e muito menos no usuário que tem que se ajustar a ela. Só em fins do século 20 é que a comunicação telefônica móvel pessoal começou a se tornar realidade. O foco estava migrando do sistema para o usuário! Quem hoje se imagina ainda indo a uma cabine telefônica? Os smartphones se tornaram uma extensão de nossa própria expressão de comunicação pessoal.

Bem, na questão da Saúde podemos dizer que algo semelhante também está em transformação. Todos nós temos a natural reação de que se ficamos doentes TEMOS DE IR a uma clínica ou hospital para saber o que está errado conosco pois lá estão os profissionais e a estrutura para cuidar de nós, certo? Em casos mais graves o profissional de saúde, geralmente o médico ou paramédico, TEM DE VIR ao encontro do paciente. O sistema da saúde de atendimento ao paciente foi centrado em locais físicos que exigem o nosso deslocamento. E tudo isto envolve TEMPO! Tempo de ir ou vir, tempo de esperar o atendimento que parece não chegar, tempo de aguardar o diagnóstico, tempo muitas vezes que pode representar a chance de sobrevida ou morte do paciente.

No modelo atual de cuidados de saúde, que está desatualizado, TEMOS QUE IR a uma determinada prática médica para receber diagnóstico e cuidados. A Saúde Digital está mudando isso!

Já escrevi sobre os novos aparelhos vestíveis (wearables) e biosensores que estão se tornando cada vez mais comuns em nossas vidas. Os aplicativos de saúde (mHealth Apps) que oferecem uma variedade de funcionalidades e nos permitem conectar até com médicos remotamente através dos inúmeros recursos digitais de comunicação telepresencial (por exemplo, o Facetime, Skype, WhatsApp, etc).

O mercado de novos aparelhos e soluções de diagnóstico remoto só cresce, tornando-se hoje uma nova área da Medicina e Saúde que traz uma revolução na própria forma de se entender o Paciente através dos dados que se pode coletar dele e por isso, que contam uma história muito mais fidedigna de sua saúde e seus hábitos.

Segundo um relatório sobre o mercado de novos produtos para a Saúde Digital relatou: “A adoção em massa dos dispositivos mHealth e a introdução de projetos de produtos tecnologicamente avançados são antecipados para estimular a demanda. A abordagem focada para a adoção dos dispositivos da Internet das Coisas e dispositivos médicos portáteis, que incluem sensores e dispositivos de comunicação móvel, deverá continuar a impulsionar o crescimento da indústria no futuro“.

Alguns pontos podem ser ressaltados:

  1. Os wearables para o consumidor podem fornecer aos pacientes dados de saúde personalizados, que podem auxiliar na autodiagnóstico e nas intervenções de mudança de comportamento.
  2. Há uma série de preocupações sobre a segurança, confiabilidade e segurança de usar wearables do consumidor em cuidados com a saúde.
  3. Os profissionais e os pesquisadores devem considerar como esses avanços tecnológicos podem afetar os cuidados de saúde no século 21.

Claro, há todos os dilemas éticos, sociais, profissionais e econômicos envolvidos. Mas em que outras situações da vida as demais inovações também não trazem esses mesmos dilemas?

Assista este vídeo do Dr. Bertalan Mesko, PhD, conhecido como “The Medical Futurist”, que aborda justamente este tema do artigo.

https://youtu.be/MFOscCl1uaU

 

Inovar a Saúde não é mais uma questão de oportunidade, é questão de sobrevivência!

Sim, a transformação e revolução digital pelo qual a Saúde está passando terá um ator principal que conduzirá a Saúde Digital do século 21 – VOCÊ, o Paciente!

Abraço a todos!

Guilherme Rabello, responde pela Gerencia Comercial e Inteligência de Mercado do InovaInCor – InCor / Fundação Zerbini (grabello.inovaincor@zerbini.org.br). Atua como consultor, palestrante e escreve artigos sobre inovação, tecnologia e negócios.