A cibersegurança em 2016 foi marcada pelos ataques ransomware, impactando, principalmente, a área da saúde. Por tratar-se de um setor extremamente delicado e essencial para toda a população, a Unit 42, centro de pesquisas da Palo Alto Networks, fez um levantamento das tendências e necessidades de segurança cibernética nessa indústria para que as organizações de saúde estejam preparadas para combater as ameaças que devem enfrentar em 2017.

Muitos hospitais foram afetados por ransomware no último ano e atingidos, especialmente, por variantes que miram servidores e não computadores. Um hospital em Washington, por exemplo, foi afetado a ponto de ter que transportar os pacientes para outras instalações para manter a qualidade dos cuidados.

Os cibercriminosos optam pelo ransomware pela discrição dos pagamentos anônimos em Bitcoin – uma maneira eficaz de receber pagamentos sem ser pego pela polícia. O setor da saúde é visado devido ao vetor de ataque ocorrer por uma aplicação (JBOSS) desatualizada nos servidores na DMZ (sigla em inglês para Zona Desmilitarizada, que significa uma sub-rede física ou lógica que contém e expõe serviços de fronteira externa de uma organização a uma rede maior e não confiável, normalmente a internet).

Graças ao compartilhamento de inteligência de ameaças, as organizações do setor providenciaram reparos e correções nas vulnerabilidades dessa aplicação. No entanto, a tendência de aumento desse tipo de ataque permanece. O ransomware continuará mirando a indústria da saúde neste ano por meio de ataques padrão como downloads na web, anexos ou links maliciosos via e-mail e servidores desatualizados na DMZ.

Outro ponto importante são as aplicações SaaS – muito utilizadas pelas equipes médicas para compartilhamento de arquivos na nuvem, como Box, Dropbox e Google Drive, devido à praticidade para compartilhar informações de forma rápida.

O problema com as versões públicas desses serviços é que cabe ao usuário controlar quem tem acesso aos arquivos e é muito fácil se enganar com uma configuração e disponibilizar um arquivo que contém informações protegidas de saúde (PHI) para todo o público na internet. As versões corporativas de alguns desses serviços permitem restringir o acesso público, mas a maioria das organizações não bloqueiam as versões gratuitas, então fica difícil controlar.

Normalmente o processo de inteligência de ameaças na área da saúde é lento, manual e demorado. Em 2017, as organizações desse setor começarão a aproveitar os recursos mais avançados de compartilhamento de ameaças disponíveis no mercado de segurança. Esses tipos de recursos permitem uma ação altamente confiável e automatizada, eliminando até totalmente a necessidade de revisão humana.

Além dessas, que devem ser as principais tendências de cibersegurança para o setor da saúde nesse ano, é fundamental questionar se um ataque em um dispositivo médico poderá causar lesão a um paciente. Atualmente falta o básico de segurança para os dispositivos utilizados em instalações médicas que, muitas vezes, não possuem proteção de endpoint, e atualizações regulares, funcionando em sistemas operacionais desatualizados, como o Windows XP.

Por estas razões, são alvos principais para malware e ciberataques. Além disso, os equipamentos médicos são caros e não há incentivo financeiro para realizar o tipo de pesquisa de segurança necessária para detectar e corrigir vulnerabilidades nesses dispositivos.

Além da busca por recompensas lucrativas, existe também a preocupação com os hackers que estão nesse negócio por diversão, ou seja, só fazem para provar que podem fazer. Até o momento, não há casos confirmados de danos físicos aos pacientes mas a equipe da Unit 42 trabalha com a hipótese de que seja apenas uma questão de tempo para um agente malicioso se aproveitar da parte mais vulnerável das redes hospitalares – os dispositivos médicos – e entrar em ação.