O setor de saúde passa por mudanças importantes no intuito de encontrar abordagens mais eficazes para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e, também, reduzir custos de operadoras e sistemas privados de saúde. A grande tendência desse mercado é ter uma metodologia que possa prever as reações dos pacientes, como pressão alta, colesterol e outras complicações, para realizar o tratamento preventivo e não chegar aos extremos de uma internação, que aumentam os custos para as empresas (empregadores, principais financiadores do benefício privado de seguro saúde), além de desgastar o indivíduo. Reduzir as taxas de readmissão hospitalar é uma prioridade em todos os países. Estudos apontam gastos em torno de US$ 41,3 bilhões¹ nesse setor. A pergunta é: isso já é uma realidade? E a resposta é clara: sim.

Atualmente, já existe uma solução que possibilita monitorar a ocorrência de crises e contribuir para evitar parte das internações por meio da análise de dados usando tecnologias digitais, que pode ser feita por dispositivos móveis e wearables, como relógios e pulseiras inteligentes. Usando pesquisas e análises comportamentais como base, a plataforma se adapta ao estilo e estágio de vida do indivíduo, proporcionando melhores resultados para ele, assim como a redução de custos e maior fidelização para empresas. O incentivo a prevenção começam pelo detalhamento do dia a dia de cada paciente, passando por comportamentos mais saudáveis, que combinam com assistência e aconselhamento personalizados, de acordo com as suas necessidades.

O ciclo é feito pelas etapas: Coletar (dados dos dispositivos móveis inteligentes, registros de saúde pessoal, sensores, redes sociais, pesquisas de saúde e avaliação de riscos), Transmitir (por rede sem fio segura), Evoluir (gerar insights a partir dos dados dos pacientes), Engajar (coaching de acordo com os hábitos e estilo de vida, e engajamento por meio de ferramentas como gamification, redes sociais e monitoramento remoto) e Intervir (realizar a ação apropriada de acordo com os dados coletados).

Hoje, quando o paciente detecta uma doença grave, logo pensa que sua vida mudou pra pior e precisa começar a procurar fontes confiáveis de informação. A partir daí, ele toma a consciência de que precisa iniciar a ter um estilo de vida mais saudável para poder ter um progresso, uma melhora, no seu estado de saúde. Com a tecnologia embarcada no seu dia a dia, o ciclo muda: com soluções como gamification, aplicativos e outras ferramentas, o paciente já começa um processo de aprendizado sobre a sua doença logo no início, antes mesmo de intercorrencias graves em sua saúde, e o médico proativamente envia informações, com um acompanhamento feito em tempo real. Os wearables (relógios inteligentes etc) ajudam a lembrar sobre possíveis medicamentos, além de dar dicas de inspiração diárias. Ao final, o paciente tem acesso, em gráficos e informações personalizadas, ao andamento de seu estado de saúde.

Dessa forma, a pessoa conta com uma solução integrada, que possibilita, inclusive, que o sistema indique alguma anomalia sem chegar ao extremo de uma crise. Assim, é possível atuar na prevenção e, nesses casos, já procurar ajuda antes que algo mais grave aconteça. Essa dinâmica é uma forma de diminuir os custos sem desgastar a relação com os consumidores. O tratamento de pacientes crônicos, por exemplo, compreende um custo alto e não efetivo, já que não é possível monitorar o tempo todo o que causa as falhas no tratamento. Por meio da tecnologia, é possível saber se o consumidor tomou os remédios corretamente ou verificar níveis de glicemia de maneira remota e contínua, aliando a programas de recompensa como pontos, desconto etc. A solução de saúde, feita com alta tecnologia, segurança e altos índices de confiabilidade, amplia as possibilidades de negócio para empresas de diversos setores, ao mesmo tempo em que aumenta o grau de engajamento da população com sua saúde. Ganham todos: empresas, governo e, principalmente, o indivíduo.

Alexandre Grandi, diretor da área de Life Science e Health Care da Cognizant Brasil.

¹ April 2014, Agency for Healthcare Research and Quality, http://1.usa.gov/1vVha1u~