Estabelecimentos de saúde públicos e privados no Brasil aumentaram a presença na Internet por meio de websites e perfis em redes sociais. Essa foi uma das constatações da pesquisa TIC Saúde 2015, conduzida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). A publicação anual da pesquisa, que apresenta artigos de especialistas e os principais resultados da investigação, foi lançada nesta segunda-feira, 28, durante o XV Congresso Brasileiro de Informática em Saúde – CBIS 2016, na cidade de Goiânia (Goiás).

Os resultados revelam um aumento de 12 pontos percentuais da presença on-line por meio de websites: em 2014, 27% dos estabelecimentos de saúde possuíam website, diante de 39% em 2015. Já em relação a redes sociais, o crescimento foi de 10 pontos e chegou a 33% dos estabelecimentos de saúde com perfil nessas plataformas. “O avanço da presença on-line dos estabelecimentos indica que há uma demanda crescente por canais de interação com os cidadãos através da Internet. Há, contudo, grande espaço para a ampliação dos serviços disponíveis on-line, como agendamento de exames e consultas, especialmente entre os estabelecimentos públicos”, aponta Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

Registro eletrônico em saúde

Outro aspecto apontado pela pesquisa TIC Saúde diz respeito ao armazenamento eletrônico de informações dos pacientes, que está entre os desafios mais importantes das políticas de informatização do setor. Entre os estabelecimentos que possuem acesso à Internet em 2015, apenas 16% registravam dados dos pacientes exclusivamente por meio eletrônico; 59% parcialmente em papel e parcialmente em formato eletrônico e 24% utilizam exclusivamente o papel.

O estudo também aponta que o registro eletrônico de informações de natureza administrativa estava mais disponível que o registro de dados de atenção clínica, ou seja, aqueles que podem apoiar mais diretamente o cuidado aos pacientes. Os dados cadastrais dos pacientes estão disponíveis eletronicamente na maior parte (78%) dos estabelecimentos que utilizaram a Internet. Já os sinais vitais dos indivíduos estão disponíveis eletronicamente em 34% dos estabelecimentos de saúde que usaram a Internet; os laudos de exames radiológicos em 27% deles; e imagens desses mesmos exames em 20%. “A disseminação de registros eletrônicos em saúde abre caminho para uma série de melhorias no setor, que incluem novas estratégias de prevenção e promoção da saúde, o aprimoramento da qualidade da atenção e a inovação na prestação de serviços” avalia Barbosa.

Telessaúde

Assim como nos anos anteriores, a terceira edição da pesquisa TIC Saúde verificou que os estabelecimentos públicos de saúde são os que mais disponibilizam serviços de telessaúde e telemedicina. Do total de estabelecimentos pesquisados, 16% declararam fazer parte de alguma rede de telessaúde, proporção que chega a 27% daqueles da esfera pública, e apenas 4% dos estabelecimentos privados.

Infraestrutura e gestão de TI

A pesquisa revela um avanço na proporção de estabelecimentos públicos com acesso à Internet (74%, em 2015), confirmando a tendência observada em 2013, quando apenas 57% destes estabelecimentos utilizavam a Internet. Contudo, permanece a diferença em relação à proporção do acesso à Internet nos estabelecimentos privados, praticamente universalizado desde o início do levantamento (99%).

“Embora a infraestrutura básica de tecnologias de informação e comunicação esteja amplamente difundida nos estabelecimentos de saúde brasileiros, persistem desigualdades de acesso a depender da região, da esfera administrativa e do tipo de estabelecimento. Esses dados devem ser levados em conta por formuladores de políticas públicas”, observa Barbosa.

A velocidade de conexão contratada nos estabelecimentos de saúde apresentou variações em relação a 2014: houve um aumento significativo na proporção daqueles que contratam conexões com velocidades de 10 Mbps a 100 Mbps, passando de 13% para 23%, em 2015. Os dados reforçam a tendência de crescimento observada desde 2013, quando apenas 10% dos estabelecimentos possuíam esta velocidade de conexão contratada.

No que diz respeito à gestão de TI, apenas 25% dos estabelecimentos possuem uma área ou setor responsável por essa atividade. Os estabelecimentos com mais de 50 leitos de internação (71%) e localizados em capitais (38%) contam com uma área de TI em proporções maiores do que os demais. O estudo mostra ainda que apenas 6% dos estabelecimentos de saúde conectados possuíam, em 2015, um profissional de saúde em sua equipe de TI.

Adoção entre profissionais de saúde

Segundo a pesquisa, os profissionais de saúde reconhecem a importância de adoção das TIC no setor. Para 93% dos médicos e 95% dos enfermeiros, houve melhoria na eficiência dos processos de trabalho das equipes em decorrência do uso e implantação de sistemas eletrônicos; e para 90% dos médicos e 89% dos enfermeiros, o uso das TIC propiciou maior eficiência nos atendimentos.

Apesar do reconhecimento, há desafios para o desenvolvimento de conhecimentos específicos em TIC. A pesquisa revela que 85% dos médicos e 75% dos enfermeiros não participaram de nenhum curso, treinamento ou capacitação na área de tecnologia de informação e comunicação em saúde nos 12 meses que antecedem a pesquisa.

Sobre o estudo

Em sua 3ª edição, a TIC Saúde entrevistou 2.252 gestores de estabelecimentos de saúde em todo o território nacional, além de 1.242 médicos e 2.197 enfermeiros vinculados a estes estabelecimentos. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2015 e junho de 2016.