Em 2012, o setor médico ficou consternado quando Vinod Koshla, o conhecido investidor, milionário e visionário, afirmou que em 10 anos, 80% do trabalho dos médicos seria feito por máquinas. A verdade é que o tempo passou e, seis anos depois, os sintomas indicam que a profissão médica será, de fato, transformada por muitas inovações que parecem ter saído da ficção científica.
Ao apostar fortemente em Home Attendants, empresas como Apple, Amazon e Google (para não falar da Microsoft) indicam que a inteligência artificial não é algo distante do dia a dia de novos pacientes empoderados, que, na era do imediatismo, são os primeiros a querer transparência, colaboração, comunicação e sentir-se donos da situação.
Os especialistas da IBM, que trabalham com sua própria ferramenta de inteligência artificial, preveem que em quatro anos tudo o que dissermos e escrevermos será usado como indicador de nossa saúde mental e bem-estar físico. Os padrões em nossa fala e escrita, analisados por meio de sistemas cognitivos, fornecerão indicadores precoces de doença mental, alertando-nos sobre a necessidade de tratamento.
No Vale do Silício, já foram realizados testes em intestino de porco, com robôs autônomos, colocando-os em competição com cirurgiões que operam manualmente, ou mesmo com cirurgiões que usam robôs cirúrgicos. Nesse sentido, os robôs autônomos, guiados pela inteligência artificial, tiveram melhor desempenho.
A entrada da inteligência artificial em todas as áreas foi avaliada pelo Instituto de Humanidade do Futuro da Universidade de Oxford, na Inglaterra, com a ajuda de uma pesquisa com os maiores especialistas no assunto, tanto no âmbito acadêmico como no industrial.
A pesquisa selecionou aqueles que apresentaram trabalhos na Conferência Internacional sobre Machine Learning em julho de 2015 e na conferência sobre Sistemas de Processamento de Informação Neural em dezembro de 2015.
Embora os resultados sejam baseados nas respostas de apenas 352 especialistas, podemos ter uma previsão de quando a inteligência artificial será superior aos seres humanos, não apenas no campo da saúde, mas em qualquer setor.
Na visão dos especialistas, teremos uma vida útil plena a ser superada pela inteligência artificial. Esses 45 anos parecem excessivos para nós, especialmente quando um dos primeiros marcos foi a inteligência artificial ter superado a humana 12 anos antes do esperado, no tradicional jogo de tabuleiro oriental Go.
Um software específico para jogos, do Google, derrotou um grande professor de Go. Isso, aplicado ao campo médico, significaria que o melhor e mais eficiente desempenho da inteligência artificial autônoma em uma cirurgia aconteceria em 24 anos. Porém, até mesmo esse avanço, é considerado muito conservador.
Consultar informações sobre saúde e agendar consultas pela internet já é realidade: 30 milhões de pessoas em todo o mundo já visitam mensalmente uma plataforma de agendamento de consultas médicas online. E o cenário é promissor no Brasil e no mundo, pois há muito potencial de crescimento de pacientes digitais. Segundo resultados da pesquisa Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), realizada pelo IBGE, em 2018 o Brasil atingiu a marca de 126,3 milhões de usuários de Internet.
Esse cenário indica que estamos indo em direção a uma sociedade que não tem tanta necessidade de ir a um centro de saúde para uma primeira avaliação – e esse primeiro atendimento pode nem ser feito por uma pessoa, mas por uma máquina.
No entanto, ainda há muito chão antes de ver esses avanços em salas de operações reais e no campo técnico (pois ainda não é possível resolver problemas inesperados), especialmente na segurança regulatória e do paciente.
Mas, como vimos, a Inteligência Artificial de amanhã está sendo programada hoje em diferentes partes do mundo para aprimorar a medicina. Só esperamos que nesse mundo, os médicos encontrem espaço para colocar humanidade em tanta tecnologia.
Dr. Frederic Llordachs, médico e cofundador da Doctoralia.