A vida humana se define, inclusive para efeito de estudo da Saúde e da Ciência, em quatro momentos: infância, adolescência, fase adulta e velhice. Levando essa divisão para o campo da Inteligência Artificial, temos essas duas últimas etapas se sobrepondo quase que ininterruptamente – entre a descoberta de um novo mecanismo e outro se tornando obsoleto – e, assim, também podemos usá-la, porém, em três períodos, como parâmetro para explicar a evolução dos robôs.
Se na primeira geração, em meados dos anos 60, as máquinas apenas reproduziam movimentos simples, assim como crianças com limitações inerentes à idade. Na segunda, os robôs foram construídos e programados para fazer praticamente tudo que conhecemos hoje. Nesta fase evoluímos muito, imagine que ela nos trouxe até aqui com vários sistemas complexos e muita tecnologia, desde celulares até naves espaciais foram criadas com essa lógica, onde programávamos e as máquinas executavam.
Assim como uma pessoa adulta, a terceira geração é caracterizada pela capacidade de o robô tomar decisões autônomas. São máquinas mais robustas, para as quais um operador não precisa dar todas as pistas. Robôs “com faro”, usando sensores, algoritmos e qualquer outro elemento de controle disponível para buscar, testar e emitir respostas consideradas inteligentes.
Stephen Hawking dizia que a terceira geração dos robôs representava um salto tão grande na robótica que era como se, agora, o “gênio estivesse fora da lâmpada”. O físico defendia que a IA poderia substituir os humanos completamente, e que essa nova relação poderia se estabelecer como uma ajuda ou como uma disputa.
Fato é que é fascinante demais ver a evolução para a qual estamos caminhando. Quem diria que estaríamos assistindo a cirurgias robóticas e por telementoria, uma conquista alcançada recentemente, em fevereiro de 2019? Não só a comunidade médico-científica, como entidades e empresas no setor de tecnologia, está dando passos largos no uso da IA a nosso favor.
Cada vez mais, a Inteligência Artificial aplicada à Saúde, aliás, indica que teremos ações preventivas muito mais embasadas e aprofundadas para resolver questões até agora insolúveis, especialmente no campo do bem-estar humano.
Parte daí a noção de que a nova geração de tecnologia pode nos ajudar a resolver a lidar com problemas coletivos tão complexos, como a fome no mundo ou doenças sérias e incuráveis, e de cada indivíduo, ao tornar capaz a fabricação de wearables que meçam a pressão sanguínea, emitam mensagens e alarmes na rotina, enfim, facilitem a vida do sujeito, por exemplo.
Embora se tenha a ideia de que o avanço robótico é algo assustadoramente incontrolável, penso que é fundamental acompanharmos essas mudanças de perto, para entender seus possíveis impactos dentro de um mundo globalizado, em que as decisões tomadas por grandes empresas do setor e por governos geram transformações diretas no nosso dia a dia.
De qualquer forma, você pode estar ainda se perguntando: essa nova leva de robôs, como Hawking acreditava, não pode, de fato, provocar uma desleal luta entre homens e máquinas em alguns setores, especialmente relacionados ao papel do ser humano no trabalho?
Pensar assim, considerando a capacidade de processamento dos robôs inteligentes, é de fato algo desanimador. Uma segunda estratégia se faz necessária: é preciso aliar a capacidade atual das máquinas, cada vez mais “afiadas” na leitura de dados, informações em redes sociais, imagens, resultados de exames, com sua facilidade de cruzar toda a informação e tomar esse rico material para se ter a decisão (humana) mais acertada.
Isso vale tanto para informações mais ou menos triviais, como a previsão do tempo que interferirá nos seus planos de viagem, a formulação de lista de compras que manterá a dispensa em diaou quantidade de nutrientes que você precisa ingerir em uma refeição para ser mais saudável quanto para grandes decisões de mercado e de governos. Ou seja, bater o martelo em algumas situações ficará cada vez mais fácil com a parceria “robô-humano”.
Cabe ainda lembrar que, quando surge um novo panorama, surgem novas demandas. Neste sentido, se abre um mercado de profissionais de capacitação de robôs que, literalmente, casam o conhecimento humano com aquilo que as máquinas mostram de mais relevante. Instituições de vários países, especialistas em robótica já estão de olho nessas novas funções. Você já pensou nessa possibilidade de ser um professor de robôs? Essa será uma profissão muito interessante, não é mesmo? Então, que tal começar agora mesmo.
Luiz Alexandre Castanha, diretor geral da Telefônica Educação Digital – Brasil e especialista em Gestão de Conhecimento e Tecnologias Educacionais.
Execelente matéria, parabéns a todos por nos presentear com um conteúdo de qualidade e que nos agregue o despertar!