Os números são impressionantes. Duas crianças por hora vão sofrer uma lesão cerebral na hora do parto, com sequelas que vão carregar para o resto da vida. São mais de 360 mil crianças por ano que entram nessa estatística.
A informação é do dr.Gabriel F.T. Variane, diretor científico da plataforma PBSF – Protecting Brains & Saving Futures e da BRENTS (Brazilian Expertise in Neonatal & Neurological Solutions), acrescentando que a questão do elevado número de bebês com alto risco de sequelas pode ser considerado com uma epidemia mundial, pois dos cerca de 13 milhões de prematuros 1,15 milhão nascem asfixiados . Destes totais, 350 mil prematuros e 233 mil asfixiados vão evoluir com sequelas neurológicas moderadas ou graves.
No Brasil, os números indicam que do total de recém-nascidos com alto risco, 40 deles por hora nascem com risco de lesão cerebral. Devido à falta de Medicina Preventiva, estima-se que 5% dessas 40 crianças, ou seja, 2 por horas, apresentarão lesão cerebral importante.
Além do impacto devastador para as famílias destes bebes, também existe um custo associado um impacto econômico relevante. Para ser ter uma ideia dos custos para os cofres públicos, em 2015, dos 40 bilhões da verba da Saúde aplicada para benefício para pessoas sem renda e incapazes, 22 bilhões vão para deficientes.
Estudo norte-americanos de 2010 mostram que os custos associados durante a vida de crianças com deficiência seja da ordem de US$ 65 bilhões. Num período de 5 anos, os custos para cuidados de uma criança com sequelas neurológicas graves chega a ser 50 vezes mais do que uma criança que só precise de cuidados de puericultura.
Considerando-se ainda, que dentre todos os sistemas do corpo humano a lesão neuronal é a mais difícil de ser tratada, sendo considerada muitas vezes irreversível. Para minorar problema dos recém-nascidos, no caso de situação de asfixia perinatal, é indicado a hipotermia terapêutica, que visa a redução da temperatura corporal do recém–nascido por 72 horas após o nascimento.
No entanto, o mais relevante é um diagnóstico precoce, que consiste na avaliação elétrica das atividades do cérebro e hemodinâmica, análise que pode ser feita em tempo real , obtendo se- assim o diagnóstico precoce.
Esse monitoramento cerebral contínuo é feito através da metodologia denominada de Vídeo Eletroencefalograma de Amplitude Integrada (vídeo aEEG/EEG) , que é capaz de identificar e interpretar tendências da atividade do cérebro à beira leito e de caráter não invasivo.
Segundo dr. Variane, que já utiliza a solução na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo há alguns anos, estudos clínicos demonstram sua grande aplicabilidade clínica, permitindo avaliação prognóstica e neurológica de recém nascidos com asfixia perinatal, avaliação de prematuros e identificação de crises convulsivas.
Ele explica que o monitoramento tem uma acertividade de 100% na identificação de crises e mal epiléticos, que em recém nascidos não é tão fácil identificar. “Num ambiente de maternidade com vários leitos de UTI para recém- nascidos, funcionando 24 horas, nem sempre os profissionais de saúde conseguem identificar um bebê com mal epilépticos, pois os sintomas não são tão visíveis ”. O monitoramento contínuo permite começar o tratamento de imediato, o que vai refletir no tempo e no melhor neurodesenvolvimento da criança.
Tendo em vista que maioria dos hospitais brasileiros não tem essa solução e pela importância social e relevância econômica, a PBSF foi criada pelo dr. Variane e um grupo de especialistas, que oferece a solução como serviço. Já usam a solução a Santa Casa de São Paulo, HC da Universidade de São Paulo, Universidade Federal de São Paulo, Universidade Federal de Minas Gerais, e em fase de implantação o Hospital dos Estivadores de Santos. No exterior, hospitais como Lucile Packard Children’s Hospital (Universidade de Stanford), Boston Children’s Hospital (Universidade de Harvad), Universidade de Cambridge (Reino Unidos) e Universidade de Mocgill (Canadá).
Para acompanhar os resultados da solução, avaliar a evolução dos bebês nos dois anos de vida iniciais, que são considerados críticos para a recuperação dos mesmos, a PBSF criou um banco de dados em que os dados do casos clínicos estão sendo acumulados para se conseguir mais informações, comparações e métricas sobre o assunto, que em breve estará disponível para consulta dos médicos e instituições interessadas.
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